Participantes do FórumDCNTs colaboram em estudo que aponta crescimento nos casos de diabetes e estima mais de 1 bilhão de pessoas com a condição em 2050
O diabetes é uma das condições crônicas não transmissíveis (CCNTs) mais prevalentes em todo o mundo e está entre as principais causas de morte. Apenas no Brasil, pessoas com diabetes tipo 1 pode perder até 48 anos de vida saudável, de acordo com números do último T1D Index. Soma-se a esse número o novo estudo publicado pelo The Lancet, que teve a colaboração do FórumDCNTs e seus membros, a partir do Coordenador Geral, Dr. Mark Barone e Elton Junio Prates, facilitador do GT de Diabetes, ao apontar que, em 2050, 1 a cada 7 pessoas terá diabetes.
O Estudo Global de Carga de Doenças, Lesões e Fatores de Risco (GBD), financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates, produziu estimativas específicas de localização, idade e sexo da prevalência e carga de diabetes entre os anos de 1990 a 2021, a proporção de diabetes tipo 1 e tipo 2 há dois anos, período da pandemia de COVID-19, a proporção da carga de diabetes tipo 2 atribuível a fatores de risco selecionados e possíveis projeções da prevalência de diabetes até 2050.
Apenas em 2021, 529 milhões de pessoas viviam com diabetes, ou seja, 6,1% da população global. No entanto, a atual estimativa é de 1,31 bilhão de pessoas com a condição na metade do século, no qual a Organização das Nações Unidas projeta a população mundial em 9,7 bilhões, sendo 11,3% desses casos na América Latina e Caribe. Os gastos em saúde chegam a US$ 966 bilhões globalmente (aproximadamente R$ 4,73 trilhões na cotação atual), com previsão de atingir mais de US$ 1.054 trilhões até 2045 (aproximadamente R$ 5,16 trilhões na cotação atual).
Ao todo, foram 204 países estudados, incluindo o Brasil, em 25 faixas etárias para homens, mulheres, de forma separada e combinada. As estimativas estudadas abordam principalmente os anos saudáveis de vida que são perdidos pelo diabetes, o DALY, termo em inglês para Expectativa de vida ajustada pela incapacidade (Disability-adjusted life year) e a soma dos anos de vida perdidos YLL (Years of Life Lost). Vale ressaltar que o foco central do estudo esteve no diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2.
O Brasil aparece na lista com a taxa DALY em 2021 de 2.740 (2370 a 3160), o que demonstra uma alteração percentual na contagem de DALY de 159,7% (149,2 a 172,1) entre 1990 e 2021. Já a taxa DALY padronizada por idade em 2021 (por 100.000) está em 1075·2 (931·4 a 1239·0), o que representa uma queda de −2·7% (−7·1 a 2·1) na mudança percentual na taxa DALY padronizada por idade no mesmo período.
O aumento do número de casos de diabetes, no Brasil e no mundo, também eleva a preocupação pelo grave problema de saúde pública no diabetes mellitus tipo 2 (DM2), que compõem 90% dos casos, de acordo com o Ministério da Saúde. Globalmente, a prevalência total de diabetes excede 20% entre 65 e 95 anos, mas é inferior a 1% nas faixas etárias menores de 20 anos. Por ser amplamente evitável e até reversível em alguns casos, todas as evidências do material apontam prevalência ainda maior da condição ao longo dos anos devido a diversos fatores e CCNTs, como no caso da obesidade. Portanto, há a necessidade de entender, quantificar e interpretar as informações do diabetes no país para propor estratégias eficazes e de sucesso quanto ao aumento de casos e os fatores de risco acometidos pela condição.
O que é um DALY?
DALY é uma abreviatura para ano de vida ajustado por incapacidade. É uma métrica universal que permite aos pesquisadores e formuladores de políticas comparar diferentes populações e condições de saúde ao longo do tempo. DALY é igual à soma dos anos de vida perdidos (YLLs) e anos vividos com incapacidade (YLD). Um DALY é igual a um ano perdido de vida saudável. DALYs permite estimar o número total de anos perdidos devido a causas específicas e fatores de risco em nível de países, regional e mundial.
O que é um YLL?
Anos de vida perdidos (YLLs) são anos perdidos devido à mortalidade prematura. YLLs são calculados subtraindo a idade no momento da morte da maior expectativa de vida possível para uma pessoa nessa idade. Por exemplo, se a expectativa de vida mais longa para os homens em um determinado país é de 75, mas um homem morre de câncer aos 65 anos, esta seria de 10 anos de vida perdidos devido ao câncer.
O que é um YLD?
YLD é uma abreviatura de anos vividos com incapacidade, que também pode ser descrito como anos vividos com uma saúde menos do que a ideal. Isso inclui condições como a gripe, que podem durar apenas alguns dias, ou epilepsia, que podem durar uma vida. Ele é medido tomando a prevalência da condição multiplicado pelo peso deficiência para essa condição. Pesos de deficiência refletem a gravidade das condições diferentes e são desenvolvidos através de inquéritos da população em geral.
Acesse o documento na íntegra aqui.
Fonte: The Lancet
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