A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Banco Mundial divulgaram o "Relatório de Monitoramento Global da Cobertura Universal de Saúde (UHC) de 2023" na última segunda-feira (18), na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque (Estados Unidos). O documento fornece as atualizações mais recentes sobre o progresso global no sentido da cobertura dos serviços de saúde (ODS 3.8.1) e da proteção financeira (ODS 3.8.2).
O relatório oferece dados sobre a cobertura dos serviços de saúde até 2021 e sobre a proteção financeira até 2019, tudo antes da Reunião de Alto Nível sobre a Cobertura Universal de Saúde, que acontecerá nessa quinta-feira (21), na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Mas a dura realidade não deixa de ser evidente: mais de metade da população mundial ainda não está coberta por serviços de saúde essenciais. Além disso, 2 bilhões de pessoas enfrentam graves dificuldades financeiras quando pagam do próprio bolso pelos serviços e produtos de que necessitam.
"A pandemia de COVID-19 foi um lembrete de que sociedades e economias saudáveis dependem de pessoas saudáveis”, afirmou o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS. "O fato de tantas pessoas não poderem se beneficiar de serviços de saúde essenciais, acessíveis e de qualidade não só coloca em risco a sua própria saúde, mas também coloca em risco a estabilidade das comunidades, sociedades e economias. Precisamos urgentemente de uma vontade política mais forte, de investimentos mais agressivos na saúde e uma mudança decisiva para transformar os sistemas de saúde baseados nos cuidados primários."
Outro dado impactante no documento se dá pelo fato de, nas últimas duas décadas, menos de um terço dos países melhoraram a cobertura dos serviços de saúde e reduziram despesas catastróficas. Além disso, a maioria dos países dos quais existem dados disponíveis sobre ambas as dimensões da cobertura universal de saúde (96 de 138 nações), estão sem o devido direcionamento em termos de cobertura de serviços, de proteção financeira ou de ambos.
"Sabemos que alcançar a Cobertura Universal de Saúde é um passo crítico para ajudar as pessoas a escapar e a permanecer fora da pobreza, mas continua a haver dificuldades financeiras crescentes, especialmente para as pessoas mais pobres e vulneráveis", disse Mamta Murthi, Vice-Presidente para o Desenvolvimento Humano do Banco Mundial. "Este relatório pinta um quadro terrível, mas também oferece evidências sobre formas de dar prioridade à saúde nos orçamentos governamentais e de reforçar os sistemas de saúde para uma maior equidade tanto na prestação de serviços de saúde essenciais de qualidade como na proteção financeira."
O Brasil é mencionado no relatório e aparece com uma cobertura maior ou igual que 80% nos métodos de planejamento familiar, sendo que 4 a cada 5 mulheres passam por ao menos quatro consultas de pré-natal. A imunização infantil, porém, atinge apenas 2 a cada 3 crianças (68%). Para o tratamento da tuberculose, 3 a cada 4 brasileiros conseguem os cuidados adequados, situação semelhante à Terapia anti-retroviral para HIV.
Entre os anos de 2000 e 2021, o Brasil apresenta constante evolução em Cobertura Universal de Saúde, que começou com 68% no fim do século XX, e que desde 2015 apresenta número igual ou superior a 80%. Mas o país passa por severos problemas de pessoas na linha da pobreza e que representam 1 a cada 5 brasileiros que não possuem acesso adequado à saúde, principalmente aqueles que vivem com, no máximo, 60% do consumo ou rendimento médio.
Em resumo, o mundo ainda não está no caminho certo para realizar progressos significativos rumo à Cobertura Universal de Saúde até 2030, vide a estagnação dos números presentes no relatório desde 2015, e a proporção da população que enfrentou níveis catastróficos a partir dos gastos com saúde.
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