O consumo de tabaco se apresenta como um agravante e determinante fator de risco para diversas condições crônicas não transmissíveis (CCNTs) como diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias. Neste contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ACT Promoção da Saúde lançam importantes materiais sobre a relação do tabaco com o diabetes e os impactos ambientais que bitucas de cigarro podem provocar em cidades altamente urbanizadas.
O mais recente documento da OMS, preparado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e a Universidade de Newcastle, na Austrália, já é o sétimo material de uma série de Resumos de Conhecimento sobre Tabaco. Ele foi elaborado com o objetivo de resumir as evidências atuais sobre a associação entre uso de tabaco e diabetes. Pretende-se também que seja uma ferramenta de advocacy para incluir amplamente os profissionais de saúde na luta pelo gerenciamento do tabaco e pela prevenção dos efeitos adversos para a saúde relacionados com o produto.
Entre os temas abordados está a explicação inicial sobre o que é diabetes, as definições de tabaco e os impactos na saúde da pessoa com diabetes tipo 2 na relação com o tabagismo. O material também faz uma lista sobre as principais informações da relação perigosa do tabaco com o diabetes. Confira:
O diabetes tipo 2 é um importante causa para condições graves de saúde como cegueira, insuficiência renal, ataques cardíacos, acidente vascular cerebral e amputação de membros inferiores. Parar de fumar é um passo crucial para reduzir o risco de sofrer estas complicações de saúde.
Parar de fumar reduz o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em 30–40% e melhora o manejo desta condição crônica. Mais de 95% dos casos de diabetes são deste tipo.
O uso do tabaco aumenta substancialmente os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, que são uma complicação crítica para pessoas com diabetes tipo 2.
Fumar piora a neuropatia em pessoas com diabetes e as úlceras nos pés, além de retardar a cicatrização de feridas. Parar de fumar diminui o risco de tais complicações, levando a melhores resultados de saúde a longo prazo.
Fumar danifica os vasos sanguíneos da retina, aumentando o risco de retinopatia em pessoas com diabetes e perda de visão em pessoas com DM2. Parar de fumar ajuda a proteger a visão e reduz o risco dessas complicações.
O uso do tabaco e a exposição ao fumo passivo podem provocar o aparecimento de diabetes tipo 2 em idades mais precoces. Os governos devem proteger as suas populações tornando todos os locais públicos interiores livres de fumo.
O Prof. Akhtar Hussain, Presidente da IDF, demonstrou o forte incentivo da Federação Internacional de Diabetes na luta contra o tabaco. "Fumar contribui para o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e aumenta o risco de desenvolver complicações potencialmente fatais associadas à condição. A Federação Internacional de Diabetes incentiva fortemente as pessoas a pararem de fumar para reduzir o risco de diabetes e, se tiverem diabetes, ajudar a evitar complicações. Apelamos aos governos para que introduzam medidas políticas que desencorajem as pessoas de fumar e removam o fumo do tabaco de todos os espaços públicos".
Ruediger Krech, Diretor de Promoção da Saúde da OMS, complementou que a mobilização dos governos e o papel dos profissionais de saúde como vitais nessa sensibilização. "Os profissionais de saúde desempenham um papel vital na motivação e orientação das pessoas com diabetes tipo 2 para deixarem de fumar, enquanto os governos devem tomar a medida crucial de garantir que todos os locais públicos sejam livres de fumo. Estas intervenções são salvaguardas essenciais contra o desafio generalizado e formidável desta condição".
Já a ACT Promoção da Saúde divulgou um relatório elaborado por pesquisadores Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que contou com o apoio da própria ACT Promoção da Saúde, do Instituto para o Controle Global do Tabaco (IGTC), da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
O material apresenta o impacto ambiental do descarte inadequado dos filtros de cigarro e calcula uma estimativa do mercado ilegal com base em um estudo realizado em áreas urbanas do município do Guarujá, no estado de São Paulo.
Entre as medidas sugeridas pela ACT Promoção da Saúde estão:
Bitucas de cigarro devem ser consideradas resíduos tóxicos e receber tratamento adequado e separado do lixo comum. Tal categorização deve ser contemplada na Política Nacional de Resíduos Sólidos.
O fumo em áreas ambientalmente sensíveis deve ser regulado, a exemplo do que já vem sendo adotado em praias de alguns países europeus, nos Estados Unidos e México, assim como no interior de áreas protegidas.
O tratamento e a destinação adequada dos resíduos tóxicos derivados do cigarro devem ser custeados pelas empresas que fabricam, distribuem e comercializam implementando instrumentos de logística reversa, já previstos na Política Nacional de Resíduos Sólidos em vigor, não sendo permitido que façam publicidade ou promoção desta obrigação, por meio de ações conhecidas como “greenwashing”.
Mecanismos de compensação ambiental devem ser considerados por autoridades competentes visando o reparo dos impactos causados por bitucas, tais como a criação de fundo de proteção ambiental, taxa relativa a impacto ambiental, entre outros.
O banimento total dos filtros em cigarros deve ser considerado pelas autoridades governamentais.
Monitoramentos específicos para este tipo de resíduo devem ser implementados nas cidades brasileiras, visto que os índices que avaliam a limpeza pública não foram eficientes para demonstrar o problema.
O importante material também apresenta alarmantes dados como a quantidade de compostos, são 7 mil misturados, podendo contaminar cerca de mil litros de água pela liberação de substâncias perigosas, já reconhecidas como prejudiciais à saúde humana. Além disso, "índices utilizados para estimar o potencial de contaminação do solo por bitucas indicaram poluição severa, podendo levar à contaminação de lençóis freáticos por resíduos químicos perigosos".
Acesse o novo material da OMS aqui.
Acesse o resumo do material da IDF aqui.
Acesse o novo estudo da ACT Promoção da Saúde aqui.
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