O FórumDCNTs liderou, junto com instituições nacionais e internacionais, dois estudos para entender o impacto da pandemia de COVID-19 sobre pessoas com diabetes no Brasil e na região SACA (América do Sul e Central). Os resultados foram publicados em dois artigos na revista científica Diabetes Research and Clinical Practice, da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
O estudo brasileiro "The Impact of COVID-19 on People with Diabetes in Brazil", foi realizado em uma amostra de 1701 pessoas com mais de 18 anos, 75,54% do sexo feminino; 60,73% com diabetes tipo 1 e 30,75% com diabetes tipo 2, entre 22 de Abril e 4 de Maio.
Os resultados inéditos apontaram que:
95,1% dos entrevistados reduziram sua frequência de sair de casa;
38,4% adiaram suas consultas médicas e/ou exames de rotina;
59,5% reduziram a atividade física;
48,9% aumentaram o tempo assistindo à TV;
53,5% passam mais tempo usando a internet;
91,5% monitoram a glicemia, dos quais, a maioria (59,4%) experimentou alterações durante a pandemia, incluindo: aumento (20%), diminuição (8,2%) ou maior variabilidade (31,2%) nos níveis de glicose.
Os pesquisadores destacaram que em hospitais na China e nos Estados Unidos pessoas com diabetes e hiperglicemia apresentaram quadros mais severos da COVID-19 e taxa de mortalidade mais alta. Com isso, alertam que a mudança de hábitos de indivíduos com diabetes no Brasil, impactando a glicemia, como se observou, aumenta o risco de resultados graves se essas pessoas forem infectadas pelo novo coronavírus.
Alinhado a esses resultados, o segundo estudo apresenta os desafios e estratégias adotadas também nos países vizinhos. Para isso, o estudo "COVID-19 Impact on People with Diabetes in the South and Central America", mapeou as ações políticas em vigor para combater o COVID-19 na região da América do Sul e Central (SACA), protegendo as pessoas com diabetes. A pesquisa foi respondida por dirigentes de 26 entidades de diabetes, em 16 países.
Entre os achados principais estão:
Apenas em 37% dos países ou regiões foi adotada uma política para proteger as pessoas com diabetes, dentre as quais:
21% passaram a recebem remédios e insumos de uma só vez para 2-3 meses; e
16% estão recebendo os medicamentos e insumos em casa.
A maioria dos respondentes relatou, já entre o final de abril e começo de maio, estar enfrentando falta de medicamentos e insumos para o diabetes e dificuldade de acesso aos serviços de saúde. E todos os participantes relataram que as pessoas com diabetes em seus países têm medo de, caso infectadas, não receberem tratamento adequado, e/ou serem infectadas se forem a hospitais ou consultas médicas.
A pesquisa concluiu que a maioria dos países da SACA carece de medidas implementadas em tempo hábil para proteger indivíduos com diabetes, o que pode levar a um impacto grave, de curto a logo prazo, sobre os indivíduos, os sistemas de saúde e a economia. E, assim como no Brasil, clama por ações imediatas de autoridades públicas e privadas, no sentido de ampliar e otimizar sistemas de informação e de telesaúde, com teleconsultas e telediagnóstico, para essa população.
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