Durante webinar organizado no dia 5 de agosto, o Fórum Intersetorial para Combate às DCNTs no Brasil reuniu seis especialista para discutir os “Ajustes Necessários na Gestão do Diabetes (Saúde Pública e Suplementar)”.
A coincidência de estratégias de sucesso em ambos os setores público e privado se evidenciaram, como exposto abaixo, associadas à necessidade de se priorizar acesso contínuo e facilitado aos profissionais de saúde, orientações para os cuidados e medicamentos neste momento.
Dr. Mark Barone, fundador e coordenador geral do FórumDCNTs e vice-presidente da Federação Internacional de Diabetes (IDF), apresentou dados a respeito da maior gravidade e risco de morte em pessoas com diabetes, caso infectadas por coronavírus. Enfatizou, ainda, a importância de se manter a glicemia dentro do alvo, citando estudos nos quais pessoas com glicemia mais alta ou maior variabilidade apresentaram maior agravamento da COVID-19, com risco mais elevado de óbito. Em seguida, apresentou os resultados da pesquisa liderada pelo FórumDCNTs, apontando tendência a comportamentos mais sedentários durante a pandemia como um dos potenciais responsáveis pela alteração da glicemia em quase 60% das pessoas com diabetes no Brasil. Terminou sua fala mostrando no Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde que mais de 31% das mortes atuais no Brasil por COVID-19 foram em pessoas com diabetes.
O Sr. José Cristino Soster, diretor da Atenção Básica da SESAB (Secretaria da Saúde do Estado da Bahia), exemplificou ações da SESAB de ajustes da Atenção Primária durante a pandemia, com ênfase na Telemedicina e na importância das parcerias com universidade e ações dos municípios. Alertou sobre o risco do investimento prioritário na Atenção Terciária durante a pandemia, potencialmente reduzindo financiamento no nível de atenção que precisa estar bem equipado para acompanhar adequadamente as pessoas com diabetes, a Atenção Primária. Acesse aqui os guias para Teleconsulta e Teleatendimento da SESAB.
Sr. José Otávio Corrêa, diretor Institucional e Governamental da Abbott, enfatizou o compromisso da empresa tanto no diagnóstico da COVID-19, através de diferentes tipos de exames, quanto nos cuidados com o diabetes através de sensores, glicosímetro, programas educativos online e equipamentos de point-of-care para medicação de hemoglobina glicada. Em relação aos desafios da pandemia, destacou a importância das parcerias entre os setores e a necessidade de se otimizar planos e recursos neste momento.
Dra. Karla Melo, coordenadora do Departamento de Saúde Pública da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), compartilhou as recomendações de cuidados com pessoas com diabetes durante a pandemia, segundo a SBD. Enfatizou, ainda, a importância de manter o acesso aos medicamentos e aos profissionais de saúde, ilustrando através de dados do Glic que pessoas com acompanhamento não apresentaram alteração da glicemia, enquanto aqueles sem acompanhamento remoto de profissionais tiveram aumento da média da glicemia durante o período de pandemia. Além das estratégias de acompanhamento e monitoramento à distância, Dra. Melo destacou a importância de os profissionais de saúde estarem devidamente capacitados para tratar diabetes e fazer uso dos recursos disponíveis.
Dr. João Paulo Reis, presidente da Capesesp (Caixa de Previdência e Assistência dos Servidores da Fundação Nacional de Saúde), compartilhou as estratégias que foram prontamente adotadas pela Capsesp para garantir a continuidade da atenção às pessoas com diabetes e outras DCNTs assim que a pandemia teve início, destacando a implementação de um programa robusto de Telemedicina e a entrega em casa dos medicamentos e insumos dos assegurados, com renovação de prescrição de medicamentos de uso contínuo facilitada. Mencionou planos de adotar monitoramento através do FreeStyle Libre para entender detalhes da glicose de pessoas que não atingem a meta glicêmica e, com isso, poderem fazer ajustes terapêuticos mais finos.
O Prof. Dr. Márcio Galvão relatou desafios da pandemia, incluindo de estrutura básica na Atenção Primária, e contou sobre a experiência bem-sucedida de Vitória da Conquista que, através de parcerias com as Secretarias Municipal, Estadual, UFBA, Ministério da Saúde, HIAE, fundações públicas e privadas e empresas, reorganizando o fluxo na Atenção Primária, capacitando profissionais, equipando as unidades de saúde e educando a população. Com isso, observaram melhoria sensível dos resultados (publicados recentemente) em pessoas com diabetes e hipertensão. Explicou, ainda, o algoritmo de telerrastreio prontamente implementado para que os bons resultados não fossem perdidos durante a pandemia.
Ao final, todos concordaram que muito do que foi desenvolvido e implementado às pressas durante a pandemia irá permanecer e ser aperfeiçoado para incorporação definitiva nos sistemas de saúde, especialmente os atendimentos remotos com algorítimos que permitam direcionamento e/ou orientação adequada da população.
Mais informações sobre a pesquisa do Impacto da COVID-19 sobre pessoas com diabetes no Brasil em: www.forumdcnts.org/post/impacto-covid-19-em-diabetes
Vídeos do Webinar: www.forumdcnts.org/post/webinar-gestao-diabetes-2020
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