O número de brasileiros com diabetes está aumentando rapidamente no país e deve chegar a 20 milhões de pessoas com a condição até 2030.
Por Dr. Mark Barone*
O número de brasileiros que vivem com diabetes está aumentando rapidamente no país e deve chegar a 20 milhões de pessoas com a condição até 2030, segundo estimativas da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Esse cenário coloca uma grande pressão sobre os sistemas de saúde e se configura como um desafio grande e complexo que o Brasil precisa se preparar para enfrentar.
De acordo com a mais recente pesquisa da IDF, o Brasil possui 15,7 milhões de adultos com diabetes – a sexta maior prevalência da doença no mundo e a maior na América do Sul e Central. Além disso, 32% das pessoas que vivem com diabetes no Brasil não foram diagnosticadas e não sabem que têm a doença. Para elas, existe o risco aumentado de sofrer complicações graves, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, cegueira e danos nos nervos.
Em relação ao diabetes tipo 1, que é diagnosticado principalmente entre a infância e a adolescência, o país é o terceiro no ranking global de número de casos e pode chegar rapidamente ao primeiro lugar. O principal agravante dessa situação é a redução da expectativa de vida dessas pessoas em cerca de 25,4 anos. Ou seja, já estamos presenciando um número elevado de mortes prematuras na nossa população devido ao acesso inadequado e/ou incompleto das pessoas com diabetes ao tratamento e à educação em saúde.
Para ajudar a conter o crescimento acelerado dos casos de diabetes e melhorar seus cuidados – preocupações que envolvem praticamente todos os países -, a IDF está focando a campanha do Dia Mundial de Diabetes na necessidade de ampliar e fortalecer a educação sobre diabetes. Isso tanto para profissionais de saúde quanto para as pessoas que vivem com a condição. E, ainda, para conscientizar aquelas que não sabem que estão com diabetes, desconhecem seus sinais e, portanto, deixam de ir ao médico.
Educar para o autocuidado
Além de apoio do sistema de saúde, pessoas que vivem com diabetes precisam ter acesso a informações atualizadas e confiáveis, porque o autocuidado é parte intrínseca ao tratamento do diabetes. Em 95% do tempo, essas pessoas cuidam de si mesmas e precisam ser instruídas a tomar decisões que permitem prevenir complicações por meio de comportamentos saudáveis e reconhecendo os sinais de atenção que apontam para a necessidade de tomar providências ou fazer ajustes no tratamento.
Isso porque o diabetes muda ao longo da vida e as condutas também precisam ser alteradas de tempos em tempos. Outra ponta importante dessa equação é educar os profissionais de saúde e disponibilizar treinamentos. Médicos da atenção básica, agentes comunitários de saúde e farmacêuticos precisam saber diagnosticar a doença precocemente e identificar pessoas de alto risco. Além disso, precisam estar capacitados para prestar as orientações certas e apoiar o autocuidado.
Em um esforço para deter a escalada do diabetes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu um conjunto de metas globais a serem alcançadas até 2030. Elas incluem diagnosticar quatro em cada cinco casos de diabetes e garantir a todas as pessoas com diabetes tipo 1 acesso à insulina e aos insumos para o automonitoramento de glicose no sangue.
É muito importante que as autoridades de saúde tomem já as providências necessárias para a conscientização da população, melhorar a formação dos profissionais de saúde e prestar toda a assistência necessária às pessoas que vivem com diabetes. Somente assim será possível deter a marcha crescente dessa condição e reduzir o número de mortes prematuras e evitáveis.
*Dr. Mark Barone é vice-presidente da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
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