A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta sexta-feira (24) o relatório com as Estatísticas Mundiais de Saúde 2024 que motiva urgência dos países em redobrarem esforços, rumo aos ODS relacionados com a saúde até 2030. Confira o documento abaixo.
A COVID-19 eliminou uma década de progresso no nível global de expectativa de vida
A última edição das Estatísticas Mundiais de Saúde divulgada hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que a pandemia de COVID-19 inverteu a tendência de aumento constante da expectativa de vida ao nascer e da expectativa de vida saudável (HALE).
A pandemia destruiu quase uma década de progresso na melhoria da expectativa de vida em apenas dois anos. Entre 2019 e 2021, a expectativa de vida global caiu 1,8 ano, para 71,4 anos (de volta ao nível de 2012). Da mesma forma, a expectativa de vida saudável global caiu 1,5 ano, para 61,9 anos em 2021 (de volta ao nível de 2012).
O relatório de 2024 também destaca como os efeitos foram sentidos de forma desigual em todo o mundo. As regiões da OMS para as Américas e o Sudeste Asiático foram as mais atingidas, com a expectativa de vida a cair aproximadamente 3 anos e a expectativa de vida saudável em 2,5 anos entre 2019 e 2021. Em contraste, a região do Pacífico Ocidental foi minimamente afetada durante os primeiros dois anos da pandemia, com perdas inferiores a 0,1 ano na expectativa de vida e 0,2 ano na expectativa de vida saudável.
"Continua a haver grandes progressos na saúde global, com bilhões de pessoas que desfrutam de melhor saúde, melhor acesso aos serviços e melhor proteção contra emergências de saúde", afirmou o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS. "Mas devemos lembrar como o progresso pode ser frágil. Em apenas dois anos, a pandemia da COVID-19 apagou uma década de ganhos na expectativa de vida. É por isso que o novo Acordo sobre a Pandemia é tão importante: não só para reforçar a segurança sanitária global, mas para proteger os investimentos a longo prazo na saúde e promover a equidade dentro e entre os países."
As condições crônicas não transmissíveis continuam a ser as principais causas de morte
A COVID-19 emergiu rapidamente como uma das principais causas de morte, classificando-se como a terceira maior causa de mortalidade a nível mundial em 2020 e a segunda em 2021. Quase 13 milhões de vidas foram perdidas durante este período. As últimas estimativas revelam que, exceto nas regiões de África e do Pacífico Ocidental, a COVID-19 esteve entre as cinco principais causas de morte, tornando-se a principal causa de morte nas Américas em ambos os anos.
O relatório da OMS também destaca que as condições crônicas não transmissíveis (CCNTs), como a condição cardíaca isquêmica e o acidente vascular cerebral, o câncer, a condição pulmonar obstrutiva crônica, o Alzheimer e outras condições de saúde mental, e o diabetes, eram as maiores causas de morte antes da pandemia, responsáveis por 74% de todas as mortes em 2019. Mesmo durante a pandemia, as CCNTs continuaram a ser responsáveis por 78% das mortes não relacionadas com a COVID.
Aumento da obesidade e da desnutrição
O mundo enfrenta um problema enorme e complexo de um duplo fardo de desnutrição, onde a desnutrição coexiste com o excesso de peso e a obesidade. Em 2022, mais de 1 bilhão de pessoas com cinco anos ou mais viviam com obesidade, enquanto mais de meio bilhão tinham baixo peso. A desnutrição nas crianças também foi impressionante, com 148 milhões de crianças com menos de cinco anos afetadas por atraso no crescimento (muito baixas para a idade), 45 milhões abaixo do peso (muito magras para a altura) e 37 milhões com excesso de peso.
Progresso rumo às metas dos 3 bilhões e aos ODS
Apesar das perdas causadas pela pandemia, o mundo fez alguns progressos no sentido de alcançar as metas dos 3 bilhões e os indicadores relacionados com a saúde dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Desde 2018, mais 1.5 bilhão de pessoas alcançaram melhor saúde e bem-estar. Apesar dos ganhos, o aumento da obesidade, o elevado consumo de tabaco e a persistente poluição atmosférica dificultam o progresso.
A Cobertura Universal de Saúde expandiu-se para mais 585 milhões de pessoas, ficando aquém da meta de um bilhão. Além disso, apenas 777 milhões de pessoas poderão estar adequadamente protegidas durante emergências de saúde até 2025, ficando aquém da meta de um bilhão estabelecida no 13º Programa Geral de Trabalho da OMS. Esta proteção é cada vez mais importante à medida que os efeitos das alterações climáticas e de outras crises globais ameaçam cada vez mais a segurança sanitária.
"Embora tenhamos feito progressos em direção às metas dos 3 bilhões desde 2018, ainda há muito a fazer. Os dados são o superpoder da OMS. Precisamos utilizá-lo melhor para proporcionar mais impacto nos países", afirmou a Dra. Samira Asma, Diretora-Geral Adjunta de Dados, Análise e Fornecimento de Impacto da OMS. "Sem acelerar o progresso, é improvável que qualquer um dos ODS de saúde seja alcançado até 2030."
Acesse os dados do "World Health Statistics" 2024 aqui.
Fonte: Organização Mundial da Saúde