O Sr. Cristiano Soster, Membro da Comissão Consultiva do Fórum Intersetorial para Combate às DCNTs no Brasil (FórumDCNTs) e Assessor técnico do COSEMS da Bahia, concedeu entrevista para o Programa Thathi Cidade, da TV Thathi Ribeirão Preto, importante veículo de imprensa paulista.
O tema da entrevista foi a interoperabilidade e saúde digital, fatores essenciais para a melhor gestão das condições crônicas não transmissíveis no Brasil. A tecnologia está cada vez mais ligada à saúde e a ferramenta é imprescindível para o presente e futuro do manejo de CCNTs nos sistemas de saúde pelo país. Mais do que isso, é importante educar em saúde digital, tanto os profissionais de saúde, quanto às pessoas com a condição, para que esteja no foco do atendimento adequado.
Sr. Cristiano Soster
É importante que a pessoa possa conhecer os seus direitos, o quanto a saúde está avançando quando discutimos sobre saúde digital. O FórumDCNTs tem mais de 100 instituições envolvidas e que debate problemas da saúde pública com vários atores. A forma de atuar do FórumDCNTs é diferente, pois atua com a iniciativa privada, pública e discute incorporação de conhecimentos em tecnologia no setor público, o que é de extrema importância para ampliar e universalizar os direitos da saúde
Este é um espaço que a gente trouxe para falar da incorporação de tecnologias, a necessidade de os trabalhadores do setor público estarem preparados para lidarem com essas tecnologias. Estamos falando de tecnologias que chegam até o usuário com a telessaúde, que também será debatido no próximo encontro que teremos dentro de um congresso que envolve o Norte e o Nordeste do Brasil (9ª edição do Congresso Norte/Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde).
São muitas oportunidades que fazem com que o usuário seja o maior beneficiado. Quando se discute no Fórum as dificuldades no acesso, a gente busca soluções com especialistas, com universidade, indústrias, conselhos de secretários de saúde, como o COSEMS/BA e faz com que levemos para a política pública, um espaço importante que temos e que consegue porpor soluções, seja para o Ministério da Saúde, OPAS ou OMS, devido a potência desse Fórum.
Você acredita que a telemedicina tenha avançado muito após a parte mais crítica da pandemia de COVID-19?
Sr. Cristiano Soster
Ela é uma grande solução, a telemedicina teve maior apelo pelas dificuldades de acesso das pessoas à telessaúde. Houve uma mudança na legislação com um bloco na área da saúde que fez com que a telessaúde, teleconsultas ter telediagnóstico e fazer exames à distância, muito impulsionado pela necessidade das pessoas de ficarem em casa ou por ter uma limitação para acessar ao serviço presencial.
Pesquisas mostram que essa situação que a humanidade viveu mostrou que a gente precisa se reinventar e a tecnologia teve que ser adaptada a isso. A grande questão é como os profissionais serão capacitados para utilizar a tecnologia, porque ela não veio para substituir os trabalhadores, mas sim para qualificar a sua atuação.
Hoje temos inteligência artificial para ter diagnóstico com maior precisão, mas para isso precisa do exame físico adequado, perguntas qualificadas e isso faz com que haja uma necessidade de as universidades pensarem nesse profissional para o presente e para o futuro. Já temos exames de fundo de olho sem dilatação da pupila, só para trazer que a pandemia trouxe essa problemática, mas também apontou a necessidade da formação da sociedade e dos profissionais da saúde.
Você acredita que a saúde digital pode ser a saída para algumas localidades com deficiências em seu sistema de saúde?
Sr. Cristiano Soster
Com certeza. Se pensarmos na saúde digital de forma ampliada como a OMS pensa a proposta, estamos falando de prontuários eletrônicos para compartilhar informação, interoperabilidade de informações, o que auxilia muito quando uma pessoa em área remota acessa uma área central, o profissional de saúde terá as informações detalhadas sobre a pessoa. Mas também há a possibilidade de fazer tele interconsulta ou teleconsulta, ou seja, uma pessoa que mora em uma área remota pode ser atendida a partir de sistemas que possibilitem que os médicos dialoguem com um especialista pela teleinterconsulta e a partir disso tomar decisões especializadas.
Se tiver a necessidade de fazer um exame a distância, existe a possibilidade de você ter exames laboratoriais e laudados a distância, o que já acontece e que precisa de investimento para que a gente consiga universalizar esse tipo de ação dentro do sistema de saúde, para que as pessoas tenham qualidade na atenção. Tudo isso já existe, mas ainda não para todos, e precisamos de recursos e tecnologias para isso.
Quais os próximos passos para o uso da saúde digital?
Sr. Cristiano Soster
Acredito que temos alguns desafios como uma melhor regulamentação no que se refere ao telediagnóstico, eletrocardiograma, fundo de olho, tudo isso laudado de vários tipos. Mas temos que ter a reponsabilidade de que estes exames sejam uma evidência científica, para que o profissional de saúde tome a melhor decisão.
Mas existe agora um acréscimo maior da inteligência artificial, o que possibilita as melhores decisões dos profissionais, mas necessita melhor qualificação profissional, de nada adianta a IA sem a formação adequada. São desafios postos, e a tendência é usar cada vez mais para monitoramento de exames e interoperabilidade em qualquer sistema de saúde.
Trecho retirado do Programa Thathi Cidade, edição 14/08/2023. Assista na íntegra.
Confira a cobertura completa do evento: Interoperabilidade da saúde digital é essencial para melhor gestão das CCNTs/DCNTs no Brasil
Comments