Na última sexta-feira (08/10), o FórumDCNTs realizou o evento interativo "Dor Crônica: Necessidade de Gestão de Uma Doença Ignorada". O evento teve por objetivo a) Compreender o desafio a nível pessoal e populacional da doença crônica mais prevalente, a dor crônica, b) Identificar boas práticas adotadas no sistema público e no privado, assim como necessidade de ampliá-las e diversificá-las, para a prevenção e o tratamento adequados da dor crônica e c) Planejar ações intersetoriais e políticas que permitam reduzir o ônus da dor crônica sobre as pessoas individualmente e a população como um todo (confira a agenda completa e a gravação de todos os trechos aqui).
Participaram do evento representantes da Amil, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), da Viatris, do HC-FMUSP e da Fleximedical Soluções em Saúde.
Em sua fala de abertura o Sr. Ricardo Lauricella (co-fundador do FórumDCNTs e diretor da Fleximedical Soluções) compartilhou a agenda do evento e seu relato pessoal de alguém que convive com dor crônica. Ressaltou que o atendimento multiprofissional foi fundamental para que melhorasse o seu quadro, porque a dor crônica afeta a saúde física, mental e até financeira.
Em seguida tivemos a fala do Sr. Marco Antonio (Viatris) enfatizando que a dor crônica é uma condição subdiagnosticada, que 22% da população brasileira convive com dor esquelética e que essa condição é também um problema social, pois impede que a pessoa realize às suas atividades do dia a dia e consequentemente afeta a sua produtividade.
A Sra. Catarina Dahl (OPAS/OMS) explicou, na sequência, que a dor é uma percepção sensorial, ou seja, subjetiva. Segundo ela, a dor comunica um sofrimento, é necessário entender sua origem, fatores associados, e nunca subestimar ou minimizar um relato de dor. Compartilhou, ainda, informações sobre a percepção de dor como relacionada ao gênero, idade, cultura, contexto familiar e social, revelando que, da população brasileira que convive com dor, 17% já apresentaram transtorno de humor e 26% transtorno de ansiedade, e destacou que pessoas que convivem com uma condição mental tem risco muito aumentado de desenvolver dor crônica e vice-versa.
Também tivemos a fala do Dr. Marcos Aurélio (Sociedade Brasileira de Reumatologia, recém aposentado do Ministério da Saúde, onde era responsável por esse tema) abordando o tema "Como é atualmente e como poderia ser melhorada a jornada da pessoa com dor crônica no sistema público?". Destacou que as pessoas precisam se sentir acolhidas dentro do sistema de saúde e que existe dor periférica e dor central. Revelou que a dor central é mais difícil de cuidar visto que há dificuldade de descobrir sua origem. Seja na saúde pública ou na saúde privada, ter uma equipe multidisciplinar é essencial para cuidar de quem convive com dor crônica.
A fala do Dr. Felipe Vieira (Amil) apontou iniciativas na saúde privada que investem para que a pessoa com dor crônica seja bem acolhida e, em conjunto com os tratamentos médicos convencionais, usam técnicas não convencionais, como mindfulness. Destacou, também, que é necessário trabalhar em parceria com médicos da família, investir na atenção primária da saúde e ter um olhar centrado na pessoa, para o cuidado integral.
Dr. Moisés Lima (HCFMUSP) ressaltou que a equipe de saúde, do nível primário, precisa ser capacitada e aperfeiçoada para melhorar os atendimentos. É importante também melhorar a integração dos profissionais de saúde com as pessoas, para manejar e encaminhar para o atendimento terciário somente aqueles que não têm sucesso em seu tratamento. Revelou que a sessões de fisioterapia devem acontecer durante um prazo finito e, por isso, a pessoa precisa aprender a manejar a sua condição, para viver com qualidade e desenvolver consciência corporal. Ressaltou que, quando a pessoa volta à atenção básica de saúde, precisa ter continuidade de seu tratamento. Se a pessoa não tiver o suporte nesse nível de atenção, o gerenciamento da dor crônica fica comprometido.
Ao final do evento, os painelistas responderam a perguntas da plateia e destacaram quais são as prioridades para que a dor crônica passe a ganhar mais atenção nos sistemas de saúde. Enfatizaram a importância de melhorar o acesso universal à saúde, capacitar os profissionais que trabalham na atenção básica, cuidar da pessoa de forma integral, desfragmentar o sistema de saúde e reconhecer que a dor é multifatorial e que deve ser tratada com equipe multiprofissional e de forma interdisciplinar.
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