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Prevalência de Depressão e Ansiedade no Brasil Preocupa, Conforme Estudo do Datafolha

No mês da prevenção ao suicídio, o FórumDCNTs se juntou à campanha do Setembro Amarelo, promovendo evento com algumas das principais autoridades sobre o assunto no país, Setembro Amarelo: Depressão e Suicídio, há o que fazer? (confira a gravação do evento aqui). Abaixo, divulgamos importantes resultados de pesquisa planejada por dois importantes membros do FórumDCNTs, a ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e a Viatris.


Quatro em cada 10 brasileiros tiveram sintomas de ansiedade ou depressão durante a pandemia, como mostra pesquisa do Datafolha de agosto sobre saúde mental. Dos 2.055 entrevistados em 129 municípios das cinco macrorregiões do país, 44% afirmaram que tiveram problemas psicológicos.


Os mais afetados foram as mulheres (53%), jovens entre 16 e 24 anos (56%), pessoas economicamente ativas (48%), pessoas com alta escolaridade (57%) e aqueles sem filhos (51%). Além disso, 28% apontaram que tiveram diagnóstico de depressão ou outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia de Covid-19, enquanto 46% afirmaram que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse período.


A pesquisa faz parte da campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: O diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas”, realizada pela ABRATA e pela Viatris, empresa global de saúde, para o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio.

“O prolongamento do período da pandemia misturado à incerteza com relação ao futuro, uma

rotina com restrições de circulação, o medo da morte, o luto e a falta de convívio entre familiares e amigos fez com que aumentassem os sentimentos de ansiedade, tédio, pânico e solidão durante este período, o que pode ter levado a esses dados preocupantes”, observa a neurologista e diretora médica da Viatris, Elizabeth Bilevicius.


De acordo com a pesquisa, a conscientização dos brasileiros sobre o tema depressão ainda é

deficiente. Pouco mais da metade dos entrevistados (53%) consideram muito importante oferecer suporte a quem esteja passando pela doença, e 10% não souberam agir diante de um conhecido com depressão. Essa dificuldade de lidar com a situação é um pouco maior entre os homens e pessoas que não são economicamente ativas.



Além do aumento dos casos de depressão, os sentimentos de sobrecarga, medo e angústia durante a pandemia também se agravaram. Cerca de 55% das pessoas concordaram que se sentiram sobrecarregadas de tarefas e 57% afirmaram ter vivenciado medo e angústia nos últimos meses.


Ter o apoio de familiares, amigos e colegas de trabalho não impede o surgimento de doenças mentais, mas ajuda no tratamento. Dos que passaram por ansiedade ou depressão durante a pandemia, 62% tinham pessoas com quem contar, e 14% não teriam ninguém para dar suporte.


Quase todos (96%) concordaram que a rede de apoio favorece a recuperação. A depressão pode ser tratada, e seus sintomas, controlados. Para isso, é fundamental que a pessoa assuma o papel de protagonista da sua vida e busque ajuda profissional e também junto às pessoas com as quais convive e confia.


“O primeiro passo é admitir que está doente, que precisa de ajuda. É muito comum a negação do problema nesses casos. A partir daí, é importante se abrir com pessoas da sua confiança e estabelecer um diálogo limpo e construtivo, uma vez que a rede de apoio é um complemento fundamental à abordagem clínica. Sabemos que quem conta com esse suporte costuma ter mais adesão ao tratamento”, reforça a presidente da ABRATA, Marta Axthelm.


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o país lidera o ranking de casos de depressão na América Latina – mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a doença – e ocupa o topo do mais ansioso do mundo - quase 19 milhões de pessoas têm transtorno de ansiedade no país.


De acordo com a psiquiatra e membro do Conselho Científico da ABRATA, Alexandrina Meleiro, no Brasil, quase todos os casos de suicídio têm relação com transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.


“Praticamente todos aqueles que tentam ou cometem esse ato têm alguma doença psiquiátrica e as estatísticas mostram que mais da metade deles estava em acompanhamento

médico até uma semana antes do episódio. É importante ressaltar que quem pensa em suicídio quase sempre dá sinais, mas a maioria das pessoas não está preparada para identificá-los. Daí a importância do Setembro Amarelo, para ajudar a esclarecer e conscientizar a população sobre o tema", acrescenta Alexandrina.


O atentado à própria vida é a segunda causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos no mundo, no entanto, não é exclusivo dos adolescentes. A psiquiatra explica ainda que idosos e populações vulneráveis, como os indígenas, LGBTQIA+, médicos, policiais e membros das forças armadas também são os grupos que demonstram alta incidência no Brasil.


A pesquisa encomendada pelo Datafolha mostrou que o tabu sobre o tema vem, aos poucos,

se desfazendo: 52% das pessoas discordam que falar sobre suicídio deve ser evitado. Sobre a população LGBTQIA+, o levantamento revelou que 65% dos entrevistados concordam que esse grupo é mais vulnerável ao suicídio. Essa percepção é maior entre os mais jovens (entre 16 a 24 anos), pessoas que trabalham e aqueles sem filhos.


A pesquisa foi conduzida pelo Instituto Datafolha de forma presencial, distribuída em 129 municípios das cinco macrorregiões do país e realizada com 2.055 pessoas com 16 anos ou mais, pertencentes a todas as classes econômicas, conforme critérios da PNAD 2019. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.


Saiba mais sobre a campanha no site Bem Me Quer Bem Me Quero.

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