Na última segunda-feira (23/8), o FórumDCNTs realizou o evento interativo "Diabetes: Necessidade Urgente de Melhorar Gestão e Resultados". O evento teve por objetivo a) identificar barreiras que, mesmo após 100 anos de descoberta da insulina e disponibilidade no SUS, impedem melhoria dos resultados no país; b) alinhar saúde pública e suplementar a movimentos globais de acesso aos cuidados de qualidade, com a participação da sociedade civil, para melhoria significativa dos indicadores e c) Engajar diferentes stakeholders para implementação de programas e políticas de saúde com potencial de reduzir o risco de diabetes e de suas custosas complicações (confira a agenda completa e a gravação de todos os trechos aqui).
Participaram do evento líderes da World Diabetes Foundation (WDF), da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), da ADJ Diabetes Brasil, do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e da empresa Novo Nordisk.
Na abertura o Dr. Mark Barone, fundador do FórumDCNTs, relembrou que há 100 anos a insulina foi descoberta, mudando a perspectiva de vida de pessoas que têm diabetes. Atualmente 100 milhões de pessoas são beneficiadas com a insulina, porém metade das pessoas que necessitam de insulina no mundo, tem acesso parcial ou nenhum acesso. Relatou, ainda, a participou do FórumDCNTs no lançamento do Global Diabetes Compact, que propõe ações para reduzir os riscos de desenvolver diabetes e garantir que pessoas que tem diabetes tenham acesso a cuidados de qualidade. Mostrou que o Brasil é o 5º pais em número de pessoas com diabetes, o país que mais gasta por pessoa com diabetes na América Latina e que, ainda assim, contabiliza mais de 135 mil mortes anuais por diabetes, sendo 50% delas pessoas com menos de 60 anos. Trouxe, ainda, resultados alarmantes de estudos sobre as grave complicações crônicas resultantes do diabetes fora dos alvos de cuidados, presentes em 77% de pessoas com diabetes tipo 2, e 31,4% dos jovens abaixo de 19 anos com diabetes tipo 1.
Em seguida, a Sra. Simone Tcherniakovsky, diretora sênior da Novo Nordisk no Brasil, destacou o comprometimento da empresa em promover mudanças para melhorar o quadro da diabetes no mundo e apoiar a melhoria dos sistemas de saúde e iniciativas do sistema público. Destacou, especialmente, os esforços em parceria com a ADJ, ANAD/FENAD, SBD, CONASEMS e outras instituições para melhorar o fornecimento da insulina no Brasil, assim como a empresa faz em nível global.
Ainda na abertura do evento, o Sr. Carlos Rotea Jr., diretor de advocacy da ADJ Diabetes Brasil, contou um pouco de sua vivência com 45 anos de diabetes tipo 1. Ressaltou também a importância das redes sociais nos dias de hoje para promover educação e mobilização em diabetes e para que a sociedade civil consiga expor seus desafios de acesso aos insumos e seja ouvida.
O Sr. Bent Lautrup-Nielsen, diretor de desenvolvimento global e advocacy da World Diabetes Foundation (WDF), destacou que os países da América Latina estão em maior risco de saúde pública, com as piores projeções para os futuro, porém o Brasil tem condições para implementar, de forma efetiva, o Diabetes Global Compact por ter estruturas de saúde pública robustas como o SUS, estratégia de saúde da família e a Atenção Primária. Destacou que as relações e parcerias entre setor privado, governos, 3º setor e sociedade civil são fundamentais, visto que não há instituição ou setor que sozinho conseguirá resolver desafios tão grandes para melhorar os resultados de prevenção e cuidados com diabetes.
Logo após, a Dra. Karla Melo, coordenadora do departamento de saúde pública da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), falou sobre como o envelhecimento da população e o estilo de vida estão colaborando para o aumento do diabetes tipo 2. Analisando um estudo, observou que a região Sul do Brasil tem previsão de menos novos casos de diabetes tipo 2 nos próximos 10 anos e a região Norte é a com previsão de maior aumento dos casos, refletindo a inequidade e organização do sistema de saúde e seus programas em ambas as regiões. Dra. Karla enfatizou que apenas incorporar medicamentos e insulina não basta, é preciso adquirir os insumos, melhorar a dispensação dos medicamentos e melhorar estilo de vida. Mencionou que o Brasil é o pais da América Latina com maior incidência de hipoglicemias, o que também dificulta a adesão ao tratamento.
Em seguida a Sra. Kátia Audi, coordenadora de indução de qualidade setorial/COIME/GEEIQ/DIDES/ANS, enfatizou que a saúde suplementar beneficia 48 milhões de pessoas e é importante monitorar a carteira de beneficiários desde a entrada, estimulando o desenvolvimento de ações de promoção da saúde e prevenção de doenças e a adoção de um modelo assistencial centrado na pessoa, de forma a garantir o acesso, a continuidade, a qualidade do cuidado e a sustentabilidade do setor, em conformidade com os produtos contratados. Enfatizou que a Atenção Primária e as Linhas de Cuidado, assim como na saúde pública, também são fundamentais para melhores resultados custo-efetivos na saúde suplementar.
Sra. Izabella Brito, assessora técnica na Coordenação Geral de Prevenção de Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo na SAPS/MS, falou sobre as ações desenvolvidas para o cuidado da pessoa com diabetes na Atenção Primária à Saúde. Segundo dados da APS, 12,3 milhões de pessoas vivem com diabetes no Brasil porém somente 3,4 milhões de pessoas estão cadastradas na APS. As ações imediatas que a APS foram: a criação de linhas de cuidado, manual de boas práticas (voltado para gestores e equipes de saúde), estratégias para o suporte das doenças crônicas não transmissíveis no contexto da pandemia, novas portarias e monitoramento de indicadores.
No encerramento do evento, os painelistas responderam às perguntas da plateia e enfatizaram a importância de investir no fortalecimento da APS e melhorar a dispensação dos insumos para quem tem diabetes. Os painelistas concordaram que é preciso, com urgência, preparar a saúde pública e a saúde suplementar para a alta demanda de pessoas que vão precisar de atendimento, melhorar ações de prevenção e promoção em saúde, fortalecer parcerias multisetoriais, investir na educação em diabetes para a população e para profissionais de saúde, e fortalecer a linha de comunicação entre SUS e sociedade civil. Todas as instituições participantes se comprometeram a colaborar para que os 100 anos de descoberta da insulina não passe sem avanços.
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