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Baixa adesão à vacinação em adultos com CCNTs evidencia um problema nacional; apenas 1 em cada 4 pessoas receberam vacina contra influenza em 2024

Menos de 30% das pessoas com condições crônicas não transmissíveis (CCNTs) receberam a vacina contra influenza em 2024, ressaltando a urgência de ampliar a imunização entre essa população vulnerável


O evento interativo online "Cobertura Vacinal de Adultos: Proteção Indispensável para Diabetes, Outras DCNTs/CCNTs e Toda a População", realizado em 30 de setembro de 2024 pelo FórumCCNTs, reuniu especialistas para discutir a importância da vacinação em adultos, especialmente para aqueles com condições crônicas não transmissíveis (CCNTs). O objetivo central foi promover a conscientização sobre a vacinação nessa população, com foco nas condições como Herpes Zoster e Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que afetam principalmente pessoas com diabetes, asma, obesidade e outras condições crônicas.


Marcelo Freitas, GSK

Os painelistas trouxeram perspectivas diversas sobre o impacto dessas condições e as barreiras que dificultam a adesão à vacinação. Marcelo Freitas, representante da GSK, destacou a relação entre imunização e longevidade: "Quando discutimos longevidade, queremos falar sobre uma longevidade com qualidade, uma longevidade saudável. Por isso, precisamos realmente entender que a imunização é uma parte fundamental da saúde dos adultos."


Lucas Xavier, YLD-IDF

De acordo com Lucas Xavier, representante dos Young Leaders da Federação Internacional de Diabetes (YLD-IDF), iniciou a discussão enfatizando a jornada das pessoas que vivem com diabetes. Ele questionou se o Brasil realmente dá a devida importância a essa condição crônica e às vacinas. Lucas observou que, ao longo dos anos, a quantidade de adultos vacinados vem diminuindo, o que é alarmante, especialmente considerando o impacto do diabetes na saúde geral da população. Ele abordou duas situações críticas relacionadas ao diabetes:


  1. Diabetes Tipo 1: Lucas destacou a transição difícil enfrentada por jovens adultos que foram diagnosticados com diabetes tipo 1 na infância. Este período é muitas vezes marcado por uma diminuição no cuidado e acompanhamento médico, resultando em uma falta de orientação sobre como lidar com a condição. Esse desafio é agravado pela ausência de conversas sobre vacinação durante essa transição, deixando os jovens sem as informações necessárias para manter sua saúde.

  2. Diabetes Tipo 2: A situação se complica ainda mais para os adultos com diabetes tipo 2, muitos dos quais nem sabem que têm a condição. Lucas ressaltou que, entre aqueles que estão cientes de seu diagnóstico, muitos não têm conhecimento suficiente sobre medicações e tempo de tratamento. Ele também mencionou a falta de acesso a centros especializados de vacinação, que poderiam ajudar a aumentar a conscientização e a proteção desse grupo vulnerável.


Mark Barone, Coordenador-geral do FórumCCNTs, enfatiza o grave risco que a falta de atualização vacinal representa para pessoas com condições crônicas não transmissíveis (CCNTs). "Pessoas com CCNTs, que são o foco do FórumCCNTs, enfrentam um risco aumentado quando acometidas por condições imunopreveníveis. Por isso, é essencial manter as vacinas em dia", afirma Barone. Ele ainda ressalta que, diante da baixa cobertura vacinal nesse grupo, o FórumCCNTs lançou uma campanha para conscientizar a população e tentar reverter essa situação alarmante. Barone também destaca que, assim como a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR)a vacina contra a influenza tem o potencial de reduzir condições cardiovasculares e mortes, especialmente em pessoas com diabetes, hipertensão, outras CCNTs e maiores de 65 anos.


Isabella Ballalai, SBIm

Isabella Ballalai, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), apresentou dados alarmantes sobre a cobertura vacinal entre a população adulta. Ela afirmou que, em 2020, apenas 9.631.786 pessoas entre 50 e 59 anos foram vacinadas, enquanto 13.845.645 não receberam a vacina, segundo a Estimativa de Vacinados, Não Vacinados e Coberturas Vacinais por Grupo Etário com Primeiras Doses Acumuladas de Vacinas com Componentes de Sarampo, Brasil 2020 - PNI. Isabella se aprofundou nas razões que contribuem para essa baixa adesão, destacando:


  • Falta de Informação: Muitas pessoas simplesmente não estão cientes da importância da vacinação e das vacinas disponíveis para adultos.

  • Baixa Percepção de Risco: A falta de conscientização sobre os riscos associados a condições infecciosas pode levar à desmotivação para se vacinar.

  • Falta de Prescrição Médica: A ausência de orientações claras dos profissionais de saúde sobre a necessidade de vacinação em adultos também é um fator preocupante.

  • Acesso Limitado: O acesso a serviços de saúde e vacinação ainda é um desafio para muitas comunidades.


Isabella também menciona um estudo sobre a imunização contra a COVID-19 em países da América Latina, que revelou que a confiança nas vacinas é um fator crítico para a adesão. As redes sociais foram identificadas como uma fonte significativa de informação, com aproximadamente 13% dos vacinados e 40% dos não vacinados relatando que suas principais fontes de informação vieram dessas plataformas. Ela alertou que a desconfiança em relação às vacinas e a disseminação de informações errôneas nas redes sociais podem influenciar negativamente a intenção de vacinação, exacerbando a aceitação desigual das vacinas entre diferentes grupos demográficos.


Nancy Bellei, UNIFESP

A discussão também abordou as condições específicas que afetam os adultos, como o Herpes Zoster. Nancy Bellei, da UNIFESP, explicou que a imunossenescência torna os adultos mais suscetíveis à reativação do vírus varicela-zoster, o que pode levar a complicações graves, como acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e infartos. "A incidência de herpes zoster aumenta significativamente a partir dos 50 anos", alertou.


Renato Kfouri, SBIm

Renato Kfouri, também da SBIm, reforçou a relevância da vacinação em idosos e pessoas com comorbidades, apontando que essas populações são especialmente vulneráveis a infecções imunopreveníveis, como influenza e pneumonia. Segundo ele, "o diabetes aumenta o risco em 6 vezes, as DPOCs em 7,1 vezes, e a cardiopatia crônica em 10,6 vezes" para complicações por infecções.


Lorena Diniz, CRIE Goiás

As vacinas disponíveis no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) e aquelas que ainda não estão disponíveis, assim como os motivos para isso, são importantes de serem discutidas. Primeiramente, o CRIE foi instituído para proporcionar equidade a essa população que vive em situação de maior vulnerabilidade. O Programa Nacional de Imunização busca garantir a igualdade, oferecendo a todos as mesmas oportunidades de vacinação por faixa etária. O calendário vacinal já instituído, juntamente com a criação do CRIE pelo Ministério da Saúde, visa adaptar as oportunidades e assegurar a justiça para essa população vulnerável. Lorena Diniz, do CRIE Goiás, reforça a importância de entender quais vacinas ainda não estão disponíveis no CRIE e por que isso ocorre, destacando que as vacinas disponíveis incluem as necessárias para garantir proteção de forma equitativa para todos. Ela também enfatiza que o CRIE tem o objetivo de atender de forma diferenciada pessoas com condições especiais, oferecendo vacinas que, muitas vezes, só estão disponíveis em redes privadas.


O Ministério da Saúde considera tanto as comorbidades quanto a vulnerabilidade de cada uma delas, analisando o que está disponível e o que os laboratórios podem entregar para alcançar o público-alvo. O ministério calcula quantas pessoas com diabetes, pessoas com câncer, pessoas com nefropatia, entre outros, existem e, a partir disso, estabelece a indicação e o acesso. Existe um catálogo extenso de vacinas no CRIE, e a cada dia ampliamos mais as possibilidades, quase atingindo as vacinas disponíveis no setor privado.


Eder Gatti, Ministério da Saúde

No debate sobre a inclusão da vacina contra herpes zóster no calendário vacinal do Ministério da Saúde para pessoas acima de 50 anos, Eder Gatti, do Ministério da Saúde, explicou que a decisão é pautada pela necessidade de priorização dentro do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Ele destacou que o país enfrenta desafios epidemiológicos mais urgentes, como o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável pela morte de mais de 100 bebês por ano no Brasil, e as arboviroses, como dengue, que provocou uma grave crise de saúde pública nos últimos anos. Além disso, o Ministério busca a incorporação de vacinas contra a meningite B e chikungunya, com uma vacina para esta última já em fase de licenciamento. Gatti esclareceu que, embora a vacina contra herpes zóster seja desejada, o foco atual são essas prioridades críticas.



Quando o debate se volta à questão da sensibilização da população e à capacitação dos profissionais de saúde, Nancy Bellei, da UNIFESP, ressaltou que apenas um terço das pessoas com cardiopatias ouve falar sobre a vacina contra a gripe em consultas. Ela também apontou que a vacinação de adultos é pouco abordada no currículo médico, o que prejudica o entendimento dos riscos de infecções em pessoas com condições crônicas. O treinamento dos profissionais precisa ser revisto, especialmente em relação às vacinas voltadas para essas populações de risco.


Isabella Ballalai, da SBIm, reforçou a necessidade de maior articulação entre as sociedades médicas. Ela destacou avanços recentes, como a parceria da SBIm com sociedades de cardiologia, oncologia e infectologia, o que está gerando um movimento positivo em favor da vacinação de adultos. Ballalai também chamou atenção para o papel das fake news, alertando que é inadmissível que médicos não saibam identificar informações falsas, o que compromete o aumento da cobertura vacinal.


Lucas Xavier, da YLD-IDF, abordou a dificuldade no acesso à vacinação para pessoas com condições crônicas. Ele defendeu que os profissionais de saúde precisam introduzir o tema durante as consultas regulares e utilizar os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), que estão distribuídos nas principais capitais do país, facilitando o acesso para esses grupos de risco.


Sobre o desabastecimento de vacinas, Gatti afirmou que o país enfrenta problemas na cadeia de suprimento, com a vacina de varicela, por exemplo, em falta devido a um processo regulatório que se arrasta desde o ano passado. Ele também mencionou a substituição da vacina de meningite C pela ACWY, garantindo a cobertura de antígenos necessários para proteger as crianças. A normalização do abastecimento dessas vacinas está prevista para o final do ano.


Esses dados refletem os desafios que o Brasil enfrenta para garantir uma cobertura vacinal mais ampla e equilibrada, priorizando as maiores ameaças epidemiológicas enquanto trabalha na ampliação da disponibilidade de outras vacinas.


O evento "Cobertura Vacinal de Adultos: Proteção Indispensável para Diabetes, Outras DCNTs/CCNTs e Toda a População" ressaltou a necessidade de ampliar a conscientização e a adesão à vacinação, especialmente entre adultos com condições crônicas. A discussão evidenciou as complexidades do cenário vacinal no Brasil, destacando barreiras que vão desde a falta de informação até o acesso limitado a serviços de saúde. É fundamental que haja uma colaboração eficaz entre profissionais de saúde, instituições e a população para garantir que a vacinação se torne uma prioridade na saúde pública. Promover a conscientização sobre a importância da imunização e superar a desconfiança relacionada às vacinas são passos essenciais para aumentar a adesão à vacinação. Assim, a imunização deve ser encarada não como uma opção, mas como uma necessidade vital, assegurando a saúde e o bem-estar de todos e contribuindo para uma sociedade mais saudável e protegida.


Para mais informações e discussões detalhadas sobre o tema, é possível assistir ao conteúdo completo disponível no YouTube, clique aqui.


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