O câncer de pulmão é o tipo mais mortal de câncer globalmente, com aproximadamente 1,8 milhão de mortes anuais, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)
No dia 26 de agosto de 2024, o FórumCCNTs promoveu o evento "Câncer de Pulmão: Como Enfrentar o Câncer que Mais Mata?", que contou com a presença de renomados especialistas e representantes de importantes instituições de saúde e organizações do setor. O encontro teve como objetivo discutir a evolução das políticas e programas relacionados ao câncer de pulmão no Brasil e avaliar o potencial das novas diretrizes para melhorar a prevenção, diagnóstico e tratamento dessa condição. Entre os participantes estavam Mark Barone, FórumCCNTs, Nina Melo, Abrale/TJCC, Daniel Bonomi, SBCT, Luiz Araújo, INCA e DASA, Sandro Martins, EBSERH, César Neves, SES-PR e CONASS, Luciana Holtz, Oncoguia e Gustavo Prado, HAOC e InCor-FMUSP.
Nina Melo, da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), destacou a gravidade da situação ao afirmar que "o câncer de pulmão é o tipo de câncer que mais mata no mundo, tanto em homens quanto em mulheres. Para combater essa condição, é necessário adotar uma abordagem multifacetada que inclua a prevenção, o diagnóstico precoce, o tratamento eficaz e um suporte clínico integral." Nina sublinhou que, segundo o Observatório de Oncologia, mais de 91% dos diagnósticos no SUS ocorrem nos estágios avançados da condição, o que reduz significativamente as chances de cura. O tabagismo, responsável por mais de 86% dos casos, continua sendo o principal fator de risco, agravado pelo uso crescente de dispositivos eletrônicos. Mark Barone, fundador do FórumCCNTs, observou que "o câncer de pulmão é um desafio global. Embora o Brasil tenha avançado no combate ao tabagismo, ele ainda é uma ameaça à saúde da população".
O câncer de pulmão é o mais prevalente e mortal globalmente, conforme destacou Daniel Bonomi, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT). No Brasil, embora a medicina privada tenha feito progressos com tecnologias como cirurgia robótica e imunoterapia, a medicina pública ainda enfrenta grandes desafios. "Apenas 15% dos casos são diagnosticados em estágios iniciais, o que enfatiza a necessidade urgente de rastreamento e controle do tabagismo," afirmou Bonomi.
Luiz Araújo, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), reiterou a importância do rastreamento, especialmente para pessoas com 55 anos ou mais que fumam ou têm histórico de tabagismo. "O rastreamento com tomografia de baixa dose é a única medida comprovada que reduz a mortalidade globalmente," destacou Araújo, enfatizando que a detecção precoce pode mudar significativamente a trajetória da condição.
A nova Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer foi amplamente discutida, com foco na implementação de diretrizes que possam reverter esse cenário preocupante, conforme recomendações encaminhadas ao Ministério da Saúde pelo FórumCCNTs e seus parceiros. Daniel Bonomi, destacou a importância de diagnósticos precoces. "Quando o diagnóstico é feito em estágios avançados, a taxa de cura é de apenas 15%, enquanto que, em estágios iniciais, a taxa de cura pode chegar a 88%."
Os desafios de implementação de novas políticas foram abordados por Sandro Martins, da EBSERH, que destacou a importância de um marco legal forte para garantir a eficácia das políticas de saúde. "A implementação da lei é um grande desafio, mas é essencial para garantir o acesso integral ao cuidado e a priorização do rastreamento e diagnóstico precoce," disse Martins. Ele ressaltou que, apesar dos avanços, ainda há uma grande desigualdade no acesso aos cuidados de saúde, o que impacta negativamente as pessoas com câncer de pulmão dependendo de onde vivem e da cobertura de saúde que acessam.
Na audiência pública organizada pela deputada Flávia Moraes, do PDT de Goiás, foi abordada a necessidade de regulamentação do Programa Nacional de Prevenção e Controle do Câncer e da elaboração de um Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica (PCDT) específico para câncer de pulmão. O Secretário da Saúde, César Neves, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), destacou que, no Paraná, as neoplasias malignas foram a segunda principal causa de mortalidade entre 2019 e 2023, ficando atrás apenas das condições cardiovasculares. Ele enfatizou que "a articulação entre União, estados e municípios é essencial para enfrentar o problema" e apontou o impacto da judicialização dos medicamentos oncológicos no orçamento da assistência farmacêutica. Neves também ressaltou a importância de programas de prevenção e protocolos adequados, mencionando uma experiência bem-sucedida em Porto Alegre e a implementação de um programa antitabagismo no Paraná, concluindo que "esse é apenas um panorama para demonstrar nossa preocupação e o compromisso do CONASS com essa questão, que considero extremamente relevante".
Luciana Holtz, do Instituto Oncoguia, ressaltou a urgência de mais investimentos e atenção para o câncer de pulmão. "Embora a nova política e o PCDT prometam mudanças importantes, as pessoas ainda esperam por ações concretas," afirmou Luciana. Ela destacou a falta de acesso a tratamentos eficazes, especialmente dentro do SUS, onde metade dos hospitais oncológicos ainda não oferecem medicamentos incorporados há mais de uma década.
O evento também contou com a participação de Gustavo Prado, do HAOC, que abordou as discrepâncias entre o acesso a tecnologias de saúde na medicina privada e no SUS, e a necessidade de atualização dos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas. "A atualização do DDT para câncer de pulmão é crucial, mas também é necessário modificar o sistema de financiamento da saúde para assegurar que os novos tratamentos e tecnologias sejam acessíveis", concluiu Prado. Ele explicou que não há razão para acreditar que um programa bem estruturado de rastreamento não seja custo efetivo. Reforçando que "devemos focar na detecção precoce para aumentar as chances de tratamento bem-sucedido".
O evento proporcionou um panorama abrangente dos desafios e avanços na luta contra o câncer de pulmão, destacando a urgência de ações coordenadas e uma abordagem integrada que vá desde a prevenção até o tratamento avançado. A análise dos desafios e avanços sublinha a importância de um financiamento adequado e de ações colaborativas para melhorar a prevenção, diagnóstico e tratamento dessa condição devastadora.
O consenso entre os painelistas foi claro: apesar dos avanços em algumas áreas, ainda há muito a ser feito para garantir que todas as pessoas com câncer, especialmente dentro do SUS, tenham acesso a cuidados eficazes e tempestivos. O FórumCCNTs reafirma seu compromisso em promover encontros para parcerias intersetoriais e enfrentamento ao câncer de pulmão no Brasil, visando reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas com a condição.
Para mais informações e discussões detalhadas sobre o tema, é possível assistir ao conteúdo completo disponível no YouTube, clique aqui.
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