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Cobertura do 10° Encontro do FórumDCNTs

Na última segunda-feira (18/04), dezenas de pessoas da área da saúde se reuniram virtualmente para debater e compartilhar experiências e reflexões no 10º Encontro FórumDCNTs. O fundador e coordenador do Fórum, Mark Barone, fez a abertura do evento, que foi também um momento de celebração pela décima edição do encontro, desde outubro de 2017. Segundo ele, neste tempo de vida, 86% dos participantes concordam que os eventos promovidos pelo Fórum DCNTs facilitaram o diálogo e parceria em saúde. 82% identificaram novos parceiros e oportunidades durante o encontro. (Confira todos os vídeos do Evento aqui).


Membros da Comissão Consultiva também deram as boas-vindas aos painelistas e participantes do evento. Conrado Carrasco foi o primeiro a falar e focou na importância de entender e debater todo o contexto que influencia.


Eduardo Marques Macário falou que o evento marca um encontro da agenda positiva referente às DCNTs, incluindo também a temática da saúde mental. Laerte Honorato, por sua vez, lembrou como as doenças do sono têm relação direta nos cuidados da atenção primária e se colocou à disposição de debater o assunto para auxiliar na construção de políticas públicas.


Lucia Xavier, ADJ Diabetes Brasil, agradeceu a todos que proporcionaram a promoção do décimo encontro. Por fim, Paulo Fascina, Boehringer Ingelheim, falou das áreas que ele trabalha no Brasil, doenças cardiorrespiratórias. Ele lembrou que, devido à pandemia, muitos pacientes deixaram de fazer o acompanhamento de suas condições.


Após a abertura, Yara Baxter, da Novartis Foundation tomou a palavra para apresentar os convidados da primeira exposição do evento e ressaltou a importância da coleta de dados para a elaboração de ações eficazes para combater as DCNTs.




Patricia Vasconcelos, representando o Ministério da Saúde, falou sobre os principais resultados do VIGITEL de 2021. Entre os focos da pesquisa está mensurar o aumento da prevalência de atividades físicas no lazer em 30%, deter o crescimento da obesidade entre os adultos, reduzir o consumo de ultraprocessados e promover uma alimentação saudá vel, entre outros. Entre as perspectivas para 2022, Vasconcelos destacou a manutenção das parcerias com a UFMG, Anatel e ANS, a ampliação da representatividade da pesquisa para o Brasil e o aprimoramento dos módulos de visualização e tabulação dos dados.


Já Pedro de Paula, da Vital Strategies, falou do pré-lançamento do COVITEL, estudo que tem como objetivo trazer novas contribuições ao monitoramento dos fatores de riscos no Brasil a partir de novas abordagens metodológicas e intersetoriais e análise acerca dos impactos da Covid-19 na saúde do brasileiro. “O COVITEL nasce do seguinte questionamento: Se as DCNTs são o grande fardo da saúde pública no mundo moderno, como elas foram afetadas durante a pandemia?”. Como exemplo, De Paula citou que a pesquisa tenta revelar o impacto do diagnóstico precoce dessas doenças a partir da mudança de vida que todos viveram. A pesquisa também inclui questões que tratam do comportamento das pessoas antes e depois da pandemia. “Uma análise de mudanças e de Brasil como um todo é nosso diferencial.”


O painelista Francisco Balestrin, do SindHosp, tratou das prioridades na gestão das DCNTs que foram e serão apresentadas aos pré-candidatos de São Paulo nas eleições que ocorrerão em outubro deste ano. “Trabalhamos com quatro específicas áreas: inovação, a necessidade de informar, integrar e impactar, que resultaram em 10 propostas”. Entre as propostas apresentadas está a criação de uma agência de centro de controle das doenças e aumentar a qualidade assistencial.


PAINEL INTERNACIONAL


Após as falas iniciais dos profissionais convidados Diogo Alves, da OPAS/OMS, deu início ao painel internacional apresentando os convidados.


Shekhar Potkar, da Viatris, abordou o papel do setor privado nas parcerias intersetoriais para melhorar a prevenção e o cuidado das DCNTs. Ele lembrou como a pandemia expôs falhas nos sistemas de saúde e mostrou a urgência de construir um sistema de saúde forte com profissionais resilientes e uma população saudável. Potkar apontou ainda que o momento também representou uma oportunidade de inovação sem precedentes em termos de inovação e pensar nos avanços obtidos com a pandemia.


Francesco Branca (OMS), por sua vez, tratou da importância da alimentação e o impacto dela na prevalência de DCNTs, sobretudo em doenças como o câncer e a obesidade - este último trazendo impacto para doenças cardiovasculares e diabetes. Segundo ele, hábitos alimentares não saudáveis e a desnutrição estão entre os dez principais fatores de risco para doenças em todo mundo, causando milhões de mortes todos os anos. O consumo excessivo de sódio, uma dieta pobre em grão, frutas, sementes e vegetais são alguns dos pontos principais para o aumento da mortalidade atribuída a uma dieta restrita. Entre os países que consomem mais ultraprocessados no mundo estão os Estados Unidos, o Reino Unidos, Alemanha e Irlanda. Do lado oposto estão Portugal, Itália, Grécia e França.


Já Tomas Anker, da IFC/Banco Mundial, destacou em sua fala a importância das parcerias público-privada na área da saúde para enfrentar os problemas relacionados às DCNTs. Segundo ele, as PPPs promovem melhorias dos níveis de prestação de serviço de saúde nos municípios brasileiros. Anker relatou que o setor privado tem um potencial enorme em contribuir com as necessidades de investimentos. Porém, para incentivar uma maior participação deste setor é necessário focar na regulamentação, aprimorar e facilitar os meios de investimento, ampliar o acesso das pessoas aos serviços privados e a criação de um mercado propício para a vinda dos investidores. Entre as vantagens desse modelo, ele destacou também o acesso a melhores práticas e o aumento dos padrões de qualidade dos serviços. Além disso, as PPPs possibilitam prever com maior precisão os compromissos orçamentários, inclusive de longo prazo e implantação de processos licitatórios competitivos, permitindo a alocação de recursos de forma eficaz.


PRÊMIO FEBRACE


Ao final do painel internacional, Lucas Xavier (EE-USP|YLD-IDF), deu início a apresentação dos três vencedores da FEBRACE 2022.


O primeiro projeto contemplado foi a “Detecção de Parkinson utilizando inteligência artificial”, da Melise Rocha, aluna do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais.


O segundo, cuja autoria é dos alunos da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, Vladimir da Luz Junior e Marcos Flores, foi o trabalho “HEVS (Hypertension Estimation Visual System): Computação Visual na Estimação da Pressão Arterial através de Inteligência Artificial”.


Por último, o “Incentivador Respiratório Digital para tratamento de pacientes pós-Covid com interface gráfica motivacional e conexão Web para auxílio ao telemonitoramento”, elaborado pelos alunos Ana Elisa da Silva e Enso Matheus de Carvalho, da Escola Estadual Profª Maria das Dores Ferreira Rocha, foi apresentado aos participante.


GTs

Após a premiação, oito grupos de trabalho se reuniram para debater diferentes temas importantes sobre DCNTs. Convidados e palestrantes foram divididos em salas cujos temas eram: Alimentação Saudável, DCV, Diabete, Obesidade, Oncologia, Prevenção, Problemas Respiratórios e Saúde Mental e Neurológica.


Após o intervalo do almoço, painelistas convidados comentaram as apresentações dos grupos de trabalho que se reuniram no final da manhã.

Paulo Saldiva (USP) destacou o problema de fluxo no sistema de saúde entre a rede primária para a secundária e terciária, que precisa ser revisto para propiciar tratamento rápido e adequado.


Alessandro Chagas, da CONASEMS, criticou a fragmentação da esfera federal do sistema de saúde e da atenção básica de saúde. Para ele, a regulamentação é essencial e deve estar na mão do estado.


Já a convidada Sheila Martins, da Rede Brasil AVC/WSO, ressaltou que é necessário focar na reorganização de fluxos e na atenção à formação dos profissionais.


Priscila Rebello, do CONASS, reforçou a organização e operacionalização de uma linha de cuidado de pacientes com obesidade. “Precisamos implantar essas linhas e que elas sejam construídas respeitando o caráter regionalizado”. Ela falou da importância de ampliar o acesso das soluções farmacológicas.


O convidado Fernando Cembranelli (Health Innova HUB) destacou em sua fala a importância do digital para inclusão e pesquisas científicas voltadas ao acesso e cuidado da saúde.




A respeito da temática de saúde mental, Cembranelli afirmou que o maior desafio dessa área, hoje, é o diagnóstico e superar os estigmas que envolvem essas doenças. De acordo com ele, é preciso ampliar as pesquisas para verificar de que forma o uso da tecnologia está efetivamente auxiliando no tratamento de pacientes. Priscila Rabello, por sua vez, tomou a palavra para reforçar a importância de trabalhar em sistema e integrar questões tecnológicas para promover a saúde mental.


Alessandro Chagas, do CONASEMS, provocou os convidados do encontro com uma temática importante: “Temos uma média de 1,3 anos de permanência do ministro da Saúde. Em 33 anos de SUS, apenas 3 ministros ficaram mais de 3 anos”, disse. “O Estado brasileiro precisa levar isso mais a sério e isso é um compromisso nosso também, não apenas do governo.” De acordo com ele, é preciso parar de tratar o Ministério da Saúde como uma “politicagem” e, neste ano eleitoral, é necessário questionar os pré-candidatos à Presidência se a pasta da Saúde vai continuar sendo tratada do jeito que está sendo.


Por último, o painelista Paulo Saldiva ressaltou a importância de integrar os agentes públicos de saúde no desenvolvimento de pesquisas. “Não dá pra fazer política pública em saúde da universidade para baixo. É preciso construir junto, com o setor público organizado e as comunidades que estão na ponta para que se possa compreender quais os problemas principais de cada região.” Ele informou aos participantes que em breve serão lançados editais com foco no desenvolvimento de pesquisas na área de saúde a partir desse ponto de vista.


No final do 10º Encontro Fórum DCNTs, convidados debateram o tema: “Como otimizar os avanços no enfrentamento das DCNTs no Brasil, contando com a parceria dos diferentes setores?”.

O primeiro a falar foi Bernardo Tinoco, responsável pelas parcerias sustentáveis na Roche. Questionado sobre como evitar o conflito de interesses entre empresa e poder público, ele afirmou que as iniciativas das empresas precisam ter clareza do benefício para o paciente, para os stakeholders e para ela mesma. ”Trabalhar com toda a transparência possível é nossa política e tem sido um grande êxito”, ressaltou.



Marco Bego (InovaHC), responsável pela área de inovação do Hospital das Clínicas de São Paulo, explicou que o foco do Inova HC é desenvolver trabalhos estruturantes e grandes, que beneficiam toda a sociedade. Ele destacou a importância do uso da tecnologia para auxiliar a APS, mas lembrou que ela é uma ferramenta, o meio para fazer as coisas e não o fim. “Quando começamos a trabalhar com saúde digital, vimos que a comunicação era uma questão muito relevante. Como se comunicar bem e de forma efetiva”, explica. Questionados sobre a possibilidade de integração dos sistemas de saúde, Bego destacou a importância de implementar projetos pilotos para verificar a forma mais adequada de fazer essa integração.

Para Ricardo Heinzelmann, da SBMFC e professor da Universidade Federal de Santa Maria, um dos grandes problemas que é enfrentado é o baixo financiamento em Atenção Primária e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. “É necessário ter investimento nas equipes multiprofissionais, com qualificação que possa contribuir para atenção às mudanças de estilo de vida.”


Luiz Bortolotto (SBH) corroborou a fala de Heinzelmann e falou do papel da academia e da sociedade médica no quesito da capacitação. “A APS é que tem que cuidar de 90% dos portadores de doenças crônicas não transmissíveis”. Ele destacou que 50% dos pacientes que estão na lista de transplante cardíaco não precisam estar na lista por serem doenças preveníveis justamente na Atenção Primária.


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